17 de novembro de 2013

Gimmy Gym Jim

Depois de um ano onde vi as minhas mamas crescerem ao ritmo de um big mac por semana e atingirem a bela de uma copa B, foi altura de voltar à forma física de Adónis que deve reflectir a minha carismática personalidade.

Por mais doce que eu seja também é um exagero cobrir-me de gordura como se fosse uma foca. Mas a verdade é que a receita: trabalho + rotina + felicidade encheu-me mais de calorias que um gelado de amendoins fritos coberto com manteiga derretida e chocolate.

Dito isto, já passou um mês desde que regressei triunfantemente ao Gimmy Gym Jim (vulgar ginásio), reino dos bícipes, país das séries de 15 e terra dos nadegueiros femininos. Uma mistura de suor, orgulho e gritos quasi-ejaculatórios de homens que levantam mais peso que o da consciência de um gajo que comeu a namorada de um amigo.

Entre os míudos adolescentes, mulheres que jamais vão acabar o plano de treinos e os super-gorilas rapados, estou tão desenquadrado do ambiente como o David Carreira está de música. Um ginásio grita TESTOSTERONA e por isso eu fico sempre feliz por levar os meus fones e manter um saudável equilibrío hormonal durante a minha hora e meia de treino.

Mas a verdade é que voltar à forma física superior que é inerente aos meus genes só pode significar que estar desempregado não implica estar desocupado.

Ponto infeliz deste conto é que as minhas mamas desapareceram. Tocar nas minhas mamas era o que tinha de mais parecido com apalpar as mamas de uma caloira peluda. Ficarei agora obrigado a procurar nos meandros de bares rascas e ao som de músíca disco-pop uma qualquer porquita que esteja disponível (leia-se bêbeda que nem um texugo numa festa de despedida que enfiou um tampão ensopado de vodka pelo cú adentro)  para abrir o casaco e o soutien. Um sacrifício que todas as mamalhudas deviam fazer quando eu passo na rua. Sempre se pode sonhar.


13 de julho de 2013

O que eu aprendi com o Big Brother


Os nossos autarcas são piores do que imaginava.



Socializar é um jogo.



O George Orwell tinha uma visão distorcida e doentia de um programa de televisão (além que se parece muito misteriosamente com o Zé Maria).


Os meus objectivos de vida podem ficar para depois do fim da temporada.



Se eu tivesse uma filha...

Se eu tivesse uma filha o único poster de gajos que ia ter no quarto são meus. A olhar para ela com ar de mau... mas sem t-shirt.

Se eu tivesse uma filha usaria um marcador para desenhar uma mono-sobrancelha. E mesmo assim conheço miúdos que lá iam.

Se eu tivesse uma filha ela nunca iria sair à noite. Para ela, o seu baile de finalistas seria uma volta pela varanda a ouvir Michael Bolton enquanto vê os seus colegas de turma a desbuchar a juventude na rua, ébrios e de calças para baixo a fazerem o helicóptero. A felicidade está a um salto de distância.

Se eu tivesse uma filha a sua melhor amiga seria uma freira virgem de 80 anos. Uma passarinha mais seca que as minhas piadas é exactamente o que uma jovem precisa para se sentir amargurada em relação ao seu futuro e desdém para com os homens.

Se eu tivesse uma filha queria que ela fosse chinesa. Assim pelo menos alguém na família seria boa em matemática. Mas também porque as chinesas quando são miúdas são muito fofas! Porém quando crescem ficam mesmo feias, então assim que ficasse feia metia-a a viver numa cave. Não quero cá olhos em bico a estragar as minhas fotos de família. Para a alimentar uso arroz da marca do Continente e entretenho-a com um livro de sudoku. 

Se eu tivesse uma filha só gostaria de homens! Nada de Ellen DeGeneres. Não quero bate-chapas na família.

Se eu tivesse uma filha iria ensinar que os homens transformam-se em lobisomens durante a noite e mordem os narizes das mulheres e é por isso que a mãe dela grita e chora todas as noites. Não tem nada a haver com a sua depressão latente e angústia por ser esposa de um antagonista social narcisístico que peida pseudo-teorias num blog egocêntrico.

Se eu tiver uma filha e ela ler isso estou tão tramado. Só espero que ela não comece a beber, fumar e pinar até aos 18. Fiz uma aposta com um amigo que a minha filha aguenta mais tempo que a dele sem pôr a passarinha a cantar por minhoca.

21 de junho de 2013

Como descomplicar uma relação amorosa Zombie

Se há coisa que eu percebo é de relações amorosas. Eu tive mais relações amorosas por ano que um coelho ninfomaníaco viciado em cocaína e com problemas de jogo. Sou licenciado em desgostos e em imbecilidades amorosas. Tenho artigos publicados em vários corações e armazenei umas quantas obras no meu.

Além disso já vi todos os episódios do Walking Dead, sinto-me mais que preparado para vos mostrar "Como descomplicar uma relação amorosa Zombie". Assim que o Apocalipse Zombie chegar têm menos uma complicação na vossa cabeça (isso se tiverem cabeça)! Podem agradecer depois não me mordendo.

Eis então:

1- Nunca se ria se caírem os órgãos genitais decompostos do seu cônjugue.

2- Partilhem as crianças. Se o jovem de 14 anos fica para ti, ao menos persegue a moça inocente de 8 e oferece ao teu amor. Tem menos calorias e um Zombie delgado é um Zombie in.

3- Se um Zombie sem olhos olhar para as mamas da tua senhora, não te enerves.

4- Procura uma boa horda de Zombies onde te possas assentar com o teu amor. A vida em sociedade garante mais carne fresca, momentos épicos e horripilantes dignos de um final de temporada e uma vida sexual saudável -reverter ao ponto 1º em caso de dúvida.

5- Quando pedires a sua mão em casamento, não sejas literal. Além de ser uma piada gasta, ela é capaz de não gostar.

6-Tenta não manter apenas a roupa com que ficaste no corpo quando te zombificaste. Um armário variado mostra a tua personalidade, agarra os teus ideais! Expressa a tua individualidade, ela vai ficar doida.

7-Educa-te! Existem mais de 6000 idiomas no mundo. Tenta aprender Zombinglês para uma carreira internacional. Zombifrancês para a cortejar e talvez um pouco de Zombialemão, só no caso de encontrares o Zombie do Hitler e queiras passar por ariano.

8-Nunca coloques as mamas de outro Zombie na tua parceira-zombie, além de pouco ético, as chances de as mamas sincronizarem bem são bastante pequenas... tão pequenas como as mamas da tua parceira.

Ora aqui está uma lista que de facto enriquece a vossa vida após a morte. E acreditem em mim, sou especialista em "matar" relações à distância, o próximo passo lógico é tratar de relações de mortos.

Agora com licença, vou ao jardim de infância buscar jantar para a minha defunta.



19 de junho de 2013

Subir a Alfama, descer até à Praça

Decidir subir a Sé e ainda mais acima até a Alfama numa noite de Santos Populares não é para os fracos. 
Nem falo na aventura de ultrapassar a enorme mousse cultural de pessoas que enchem as ruas como colesterol na veia de um norte-americano obeso "SUPERSIZE ME BITCH!". 
É preciso mais determinação que a maioria, ignorem as sms dos muitos "Espera aí que já vou aí ter!", nunca acontece. Perdem-se na subida com alguma tasca ou loira estrangeira.

E eu decidi subir toda aquela merda.

Enquanto subia, embatia em tudo o que era gente. Há muito tempo que não sentia o toque humano no meu corpo, nessa noite enfrentei uma espécie de toque humano indiferenciado, mãos e rabos espetados contra mim : "Isto foi um apalpão?".

Ao subir e subir senti-me numa cronologia, seguindo e seguindo de etapa em etapa a ver os sucessos e erros que me passaram pelas mãos. Deixava-os para trás afogados em cerveja e fui subindo e subindo até chegar ao topo. 

"Eu lembro-me de ti de algum bar, acho..."

E ao chegar ao topo, o arraial já estava a acabar. Cansado da jornada, abasteci-me e continuei a ver a longa lista de erros e asneiras que ficaram pelo degraus.

Imediatamente desci até à Praça do Comércio, onde, à beira Tejo, vi o Sol nascer, com uma mensagem de um novo dia e uma nova folha branca e pura, pronta para ficar cagada e cheia de rabiscos e notas. 

Humildade faz-nos bem. Tive que experimentar o fado de Alfama para apreciar a luz da Praça do Comércio.

24 de abril de 2013

Porque Não Devemos Salvar Uma Princesa


O Pescador e o Rapaz estavam a andar pela Floresta, procuravam por esta torre e pelas mamas da Princesa. Pois tinham que apertá-las para seguir com a sua vida.
Esta floresta estava cheia de insectos chatos e de castores com raiva. Uma combinação tão apetecível como um despedida de solteiro num lar de idosos.

Ao explorarem esta Floresta infestada de castores com raiva, avistam no horizonte uma enorme Torre de Pedra. A torre ia tão longa, mas tão longa que o nosso par de heróis pensava que estava drogado. Curiosamente, não estavam.

No topo, numa varanda viram uma linda Princesa (pelo que parecia ao longe, também podia ser um sapo com vestido e peruca loira que dava no mesmo).

“Pescador! Olha só ali!” –afirmou o Rapaz.
“Sim, estou a ver. O que é?”
“Como assim o que é?” –reiterou o Rapaz –“É a Princesa! E acho que ela está em perigo.”
“Ai achas? E porquê? Só porque temos que lá ir acima e apalpar-lhe as mamas não quer dizer nada. Aliás, se esta merda não tem elevador é bom que me leves às cavalitas. Que eu não subo porra nenhuma! Tal e qual o meu pénigina.”
“Oh..Pescador! Não sejas assim! Nós estamos agora numa Floresta negra e misteriosa, não é?”. –disse o Rapaz.
“Sim..”
“E a menina está ali em cima numa Torre escura e gigante, fechada numa varanda, sem roupa interior nova. Para sempre condenada a lá ficar!” – comentou inocentemente o pobre miúdo.
“Ai achas mesmo isso oh puto merda? Bem se ela está de facto condenada a lá ficar para sempre, então nós não temos nada que salvá-la, vamos lá, apalpamos e seguimos caminho para a próxima dimensão.”
“Como assim Pescador?”
“Então porra seu balde de cocó fossilizado! Ao salvá-la estamos a mudar todo o conceito de ela estar para sempre condenada a ficar presa! Estaríamos a descondená-la!”
“Descondená-la? Está a falar a sério? Quem és tu? Jeremias, o Inventor de Palavras! Tás armado em Wikipedia? Desculpe Senhor Tarado, mas não concordo consigo.” –afirmou, com algum espanto meu, o jovem Rapaz. Não sei o que vos parece, mas daqui, os tomates dele cresceram 2 metros.
“Oh! Não mudes o assunto Rapaz-Merda. Se ela está ali é por alguma razão  Não tem nada a haver connosco. Vamos lá, apalpamos e bazamos. “ Disse o Pescador, comeou a avançar com o seu dildo para a Torre quando o Rapaz parou-o.
“O Pescador já leu alguma vez um livro para crianças?”
“Eu? Não. E pelo jeito o autor desta história também não, isto é tudo menos um conto para crianças...uma falta de vergonha. Metam-me nos estúdios da PIXAR a ver se me metem cabelo de pastilha elástica com LEGOS e uma cana de pesca com dildos e papel higiénico. Pff.. Mas não nunca li um livro..mas vi os filmes, conta?”
“E pode explicar como são essas histórias?”
“Bem... –disse mexendo no bigode –costumam ser sobre animais que falam como pessoas. Cenas muito maradas se me perguntas.
“E que tal aquelas sobre heróis que salvam princesas? Afinal não é isso que estamos a fazer?”
“Epa sim oh porco. Mas esta não é a nossa Princesa. Temos que salvar a nossa, não podemos perder tempo a salvar todas!”
“Epa, fico chateado. Eu sempre quis ser um cavaleiro charmoso num lindo cavalo branco.”
“Larilas...”
“Feio!”
“Mas tu tás doido? Tens tudo a trabalhar bem aí dentro da tua cabeça? O Presidente da Coerência já está sem mandato?”
“O que ‘stás a dizer?” – perguntou o Rapaz.
“Um  Princípe charmoso num lindo cavalo branco?”
“Que tem oh velho?”
“Aonde tá ele caralho? Oh seu merdas, ela até pode ser uma princesa, mas tu não és um príncipe  Tu és um puto rabeta e ranhoso que, só porque és um puto inocente e puro estás nesta busca. Tu nem sequer és bonito. És asqueroso até! E o cavalo hein? Nem penses que me vais montar como um cavalo oh chupa-trombones. Eu ainda tenho princípios!”
“Princípios? E aquilo que fizeste há bocado?”
“Não sei do que falas” –o Pescador olhou para o lado, tentando mirar o horizonte.
“É, não é? Tu curtiste com um castor! Com raiva!” – vociferou o Rapaz.
“Quem? O Joca?”
“Sim! Joca, o Castor! Estavas todo em cima dele, parecias um palhaço numa festa de tartes.” – o Rapaz imitou o Pescador.
“Eu não te devo explicações seu caralho prematuro. Aborto com pernas!” –o Pecador tá mesmo raivoso ahahahaha! Que tarado.
“Então eu também não devo! Com licença...princesa! ‘Stá a ouvir-me?”
“Que merda...essa é a tua voz de príncipe?” –riu o Pescador.
“Olá? Está aí um príncipe charmoso? Com um cavalo branco?” –disse poeticamente a princesa no topo da sua torre.
“E se eu disser que sim...o que acontece?” –perguntou o Rapaz.
“Bem..então subam e venham me salvar!” –disse a princesa.
“E se formos aí acima para te tocarmos nas mamas, também pode?” –gritou o Pescador.”
“Hein? Não percebi...por favor! Estou condenada a ficar cá para sempre! E sempre e sempre!” –mas que desesperada que ela estava, coitada. E que boas mamas. Se eu tivesse mais vocabulário descrevia-as. Mas como não tenho digo : “Pabuuuum!”
“Então...estás condenada a ficar aí?” –perguntou o Pescador.
“Sim meu querido!” –respondeu a Princesa.
“Pronto! Então não te podemos salvar! Isso mudaria todo o conceito. Vamos aí acima, vamos te apalpar as mamas, quer gostes ou não e vamos para outra dimensão. Aliás, se aí estas, alguma merda deves ter feito. Deves ter sido uma vaquinha ou assim. Uma tarada!” –disse o Pescador.
“Olha quem fala! Tu curtiste com aquele castor!” –respondeu a Princesa.
“Olha a badamerda! Sua porca! 'Tavas a ouvir a nossa conversa! “ –o pescador tá a ficar irritado. Irra!
“E aposto que gostaste! Só para que te diga, o Joca vai com qualquer um. É um oferecido! “ –a Princesa está a irritar de propósito.
“Tu não fales assim do Joca. O que tivemos foi especial caramba. Argh. Oh seu caralho de Rapaz, vamos ali para o elevador de trás, eu vou apalpar as mamas desta moça como se não houvesse amanhã!”
“O Joca é um porco. Se fosse a ti ia testar-me. Deves ter apanhado Jocaide aguda. Essa merda mata!” –disse a princesa.
“Epa oh Pescador. Acho que é melhor testar mesmo . O Joca parece um pouco oferecido sim.
“Cala-te puto que não sabes o que dizes!”

O Pescador e o Rapaz subiram o elevador até à Torre onde apalparam as mamas da Princesa e foram transportados para outra dimensão. O que os espera? Não sabemos, mas o que sabemos é que Joca, O Castor, ficou fechado na mala de viagem do Pescador. Companheiro de viagem ou a história romântica da Viagem do Barco Azul Celeste? Cedo ficaremos a saber!



10 de abril de 2013

Melanco(LOL)lia

Aí está uma cena complicada de fugir. A melancolia tem por norma aparecer quando a manta nocturna desliga as luzes e nos deixa sozinhos num quarto irradiado pelo brilho do computador.

"Só mais um episódio" torna-se a lengalenga do jovem que deixa-se dormir no amanhecer, no início de um novo dia.

Eu escrevo isto porque acabei de passar, de raspão, no cruzamento entre iniciativa  e melancolia. .Os sinais estavam vermelhos para os dois lados, mas acabei por me decidir pela iniciativa e dar um pontapé no cu da melancolia. Toma lá seu ninja da escuridão, eu não quero as tuas merdas para nada. Gosto de unicórnios travestis com varinhas mágicas. Isso é que preciso.

Mas foram dias dificeís. A rotina lisboeta tem destas de apanhar um gajo nas suas linhas de comboio. Somos levados sem controlo da direcção, só paramos quando nos deixam. E quando perdemos o comboio já a oportunidade vai para outro.

Porém a melancolia tem utilidade. Depois do desprezo existencial eu começo a imaginar o quão mais fixe seria ser um treinador de pokemons e andar por aí a voar nas costas de um pidgey! Mas ao entrar no ponto mais oco deste desprezo intervalado por loucura surreal chega-nos uma inspiração:

"Porquê?" Yah, porque raio nos deixamos afectar por dramas e não deixamos que a nossa vida passe de uma novela a uma sitcom? Onde as tragédias são aplaudidas e recebidas com riso, um comentário irónico e parte para o próximo episódio? 

É isso que tenho pensado desde que fui atropelado pelo obeso mórbido da melancolia, que rebolava pelo corredor atrás de mim. Por meses eu enganei-o com vida social. Mas para a malta que percebe disso de física, acho que o gordo, quanto mais embalado vai, mais lixado é para mim fugir.
E quando parece que chegamos a um beco, o balofo esmaga-nos. Mas o beco só lá está se não imaginamos a porta. Até pode ser como na Alice do País das Maravilhas e a porta ser diminuta e temos que beber ou comer algo para lá chegar. Não importa o tamanho da porta, importa a vontade.

Precisamos de mudar o status quo malta estapafúrdia. Andem nus na rua, digam "caralho" aos vossos professores, escrevam os exames de trás para a frente. Entrem na pastelaria e peçam um misto com croissant. Cortem com o calendário. Hoje é Julho e amanhã é Natal. O equilíbrio é para maricas e a melancolia é um strap-on. Metam-se de costas a ignorá-la e ela vai-vos penetrar no rabo com toda a força. Até chorarem e ouvirem vídeos de auto-ajuda no youtube ou merdas parecidas.

E já agora, não andem a choramingar pelo impulso jovem. Eu não preciso de um impulso por decreto, preciso que me dêem a liberdade necessária que aqui a malta jovem faz nascer e acontecer! Agora bora lá Pidgey, tenho que ir ao Continente às compras, upa cabrão, voa! Voa!


4 de abril de 2013

O Mercado de Trabalho ou : Como Eu Aprendi a Deixar de me Importar e Amar O Caos

Há duas coisas que nos dão um pontapé nos rins para dentro da vida adulta como mais nada o faz:

Uma é ir para a tropa. A outra é entrar no Mercado do Trabalho. Esta besta demoníaca de 8 cornos, garras afiadas, dentes gigantes, olhos sanguinários, e uma eterna fonte de estágios não remunerados.



A beleza dos tempos universitários e a ignorância do futuro foram duas coisas que estavam tão dentro de mim como um pervertido dentro de uma boneca insuflável. Durante os tempos académicos, além de rituais ébrios, enchi-me de uma intelectualidade precoce e não fundamentada. Ejaculava facilmente pseudo-teorias e opiniões tão educadas como a linguagem de um gajo da Ribeira do Porto.  Pensar que temos razão não faz de nós génios. Mas há muita malta que pensa que sim.  E eu pensava, além que percebia tanto do mercado do trabalho como percebo do orgasmo feminino. Uma casualidade à qual de vez em quando tropeço.





Só quando saí dessa bolha e dei início ao ritual do "enviar cv's" é que percebi o quanto fora da realidade estava.


Não vou amaldiçoar a pouca actividade laboral que tenho tido. A bruteza e selvajaria do mercado de trabalho fortalece um gajo. Ou reinventas o que és ou o que fazes, ou nem para caixa de supermercado vais. Ninguém te deve nada, nós devemos a todos. Abraçar esta anarquia totalitária (atiro mais conceitos para o ar que um pseudo-comunista) é agarrar os tomates e correr contra o touro. Só o futuro me dirá se tenho jeito para forcado, ou para ser enrabado por um touro raivoso e bi-curioso. Aceitam-se apostas!

26 de março de 2013

Era um croissant misto e um leite ucal, se faz favor

Esse foi um dos hinos da minha existência adolescente. Um pedido invariável, que servia de Santo Graal para as minhas aventuras de quarta à tarde...quarta, o eterno dia de tarde livre. Eram aventuras pouco rebeliosas, meramente jocosas. A minha rebelião de adolescente não era contra o Sistema, contra os pais, a escola ou algo mais. Foi contra a seriedade, a absurdidade de populares, futebolistas, metaleiros, freaks e outros que tais. Não que não fossem meus amigos, mas nunca fui um deles. Tinha em mim todo um estado de ausência de tudo isso. Não sei se por escolha ou por ser distraído, fiquei mantido de fora até muito tarde, tão tarde que já eram horas de ir para a universidade.

Perdido no meio de uma juventude que não percebia, saltitei anos de puberdade sem me identificar com nada. Sentado a jogar outras vidas mais interessantes, a minha foi uma sucessão de anos escolares e de verões. "Andei contigo na escola? É capaz."

Como adolescente típico de Lagos falhei no principal. Não tive namorada, não andava de bicicleta, não fui a festivais de verão, não faço a mínima ideia de quem é que tem aquela ou outra alcunha, não fui a LOLret, perdi toda uma formatação pré-adultice que foi comprovada por tantos outros rapazes-homens. E que me impossibilitam hoje em dia de saber ser velho.

Tive a sorte de encontrar um grupo de outros que tais, menos ou mais inseridos num ou outro grupo, também queriam um croissant misto e um leite ucal...se faz favor.
Essa malta que moldou o idiota em mim. Quase por acidente, e preso com cuspo e fita adesiva este grupo ficou unido. A união fez a piada e a piada fez a união. Se algo por aí é o culpado de um blog como este existir são os serões passados com rapazes que de tanto gozar, quiseram ser comediantes.

Tenho que agradecer a esses palhaços todos por me terem proporcionado grandes momentos de parvoíce. E agora que tenho um pé na vida de merda que é ser adulto, olho para esses tempos com nostalgia. E todos os dias ao entrar no metro, com os fones no ouvido, olho para todas as faces tristes e cinzentas que se esticam até ao fim do comboio e pergunto-me quantas juventudes estão ali, perdidas. Fechadas entre casacos e cachecóis. Presas ao pescoço com o nó duro da gravata.

Passa um tempo e esquecemos do que devemos manter, celebrar e desenvolver. A comédia que faço hoje é o legado da minha adolescência. E recuso-me a ficar sem ela.

Este blog faz agora um ano, um més e uns dias. Bora lá em frente com isso.

20 de março de 2013

A Balada do Hipster de Bigode Mágico: A Cidade Que Não Dorme




Os sons de passos ecoam pelas ruelas escuras da Cidade Que Não Dorme. Cada passo anuncia a urgência do Rapaz. Sombras perseguem-no sem misericórdia.
O Rapaz virou à direita, chegando a um beco. Ao olhar para trás, viu as sombras aproximarem-se, enormes como o ego de um designer de moda viciado em cocaína. As sombras rodearam-no e o Rapaz gritou.

-Péra caralho! Tira lá a boca do meu saxofone. Óh porra, para começar, não é assim que se faz, tens que assoprar e não chupar. Está errado... é uma boa técnica, mas está errado. Demasiadas conotações sexuais.
-Desculpe Senhor Pescador.Foi assim que o meu pai me ensinou.
-Ui e não páras. És um merdolas com muitos complexos sexuais, tu sabes isso não sabes? Enfim, presta atenção ao que te digo.  Há muito que não conheces sobre essa Princessa que precisas de resgatar.
-As mamas dela são falsas?
-O quê!? Não! Quer dizer...sim! Mas isso está fora de questão.
-Sabe Senhor Pescador. Eu apenas queria viajar com o meu Barco Azul Celeste. Porque é que estou agora nesta aventura?
-Porque se não existir uma linha narrativa, esta merda vai começar a descambar para a parvoíce absoluta. E isso não pode ser. A Princessa está presa numa Torre Maléfica. E só consegues chegar a essa Torre através do túnel que está no Prédio do Hipster do Bigode Mágico!
-Hipster do Bigode Mágico?
-Siiiim! Um terrível pseudo-intelectual de música e de cinema. Tem imensos poderes. O seu Bigode Mágico controla esta cidade. E a sua música alternativa tocada aos altos berros não deixa a cidade dormir.
-Então que devo fazer?
-Precisas de entrar no esconderijo do Hipster, chegar ao seu túnel secreto para alcançares a Torre. Eu dou-te um mapa.
-Eu gosto de mapas. Têm várias cores, é como a minha mãe quando leva porrada do meu pai. Vermelho, roxo, preto...
-Bem..tive mas é outra idea. Não precisamos de perder muito tempo com esta linha narrativa. Vamos dizer ao Narrador para passar esta parte e chegarmos logo ao que interessa.

Como assim? Vocês não podem passar assim o texto à frente! Eu tenho aqui umas boas piadas até chegar ao hipster! Dá para encher umas páginas.

-Tens o caralho! –disse o cornudo do Pescador de Merda –Oi! E tu tem lá cuidado como me chamas. Eu não fui teu pai por 5€.

Pronto. Pronto. Querem chegar a que parte?
 -Mete-nos na sala à conversa com o Hipster de Bigode Mágico ‘stá bem? –disse o jovem Rapaz.

E depois de muitas peripécias o Pescador e o Rapaz estavam à porta do Hipster de Bigode Mágico, atrás de si, as luzes e barulhos da Cidade Que Não Dorme estavam silenciosas. Reinava a escuridão e o silêncio . Parecia a vagina de uma viúva octogenária, mas com menos teias de aranha.
O Rapaz sentia-se nervoso, o conhecimento alternativo e misterioso deste Hipster atormentava-o. Quais seriam os poderes do bigode? Porque tinha ele acesso à Princessa?

O Pescador e o Rapaz entraram vendo o Hipster de Bigode Mágico sentado num grande trono, tão grande que a sua parte de cima tocava nos tomates das nuvens. Não que estas se preocupassem. O seu bigode era extremamente bem penteado e o Hipster tinha o pente no bolso da t-shirt. Na sua mão esquerda, tal e qual como um cajado real, tinha uma guitarra-baixo que usava para criar uma atmosfera escura e tenebrosa. A sala era enfeitada com vários álbuns de bandas desconhecidas. Ao seu lado via-se o número de álbuns vendidos dos mesmos. 5, 19, 8 álbuns. Raro era aquele que tinha três dígitos.

O Hipster viu o nosso par de heróis, e acariciou o seu bigode, ao mesmo tempo parece que a sala estremeceu. Fez um riso maroto e apontou o dedo do meio ao Rapaz:
-Tu! Rapaz! Vieste pela Princessa, não foi? A Princessa do Dragão Vermelho...
-É verdade. A não ser que tenhas feijoada de búzios. Gosto muito e até comia. Se tiveres eu como e vou-me embora. –disse o Rapaz.
-Não sejas parvo!-disse o pescador enquanto batia na cabeça do Rapaz com a sua cana de pesca de dildos.
-Bem meu Rapaz. Eu não te vou parar! De facto, se seguires por este túnel atrás de mim vais ter a uma floresta… e nessa floresta há uma torre com uma Princesa. Se é a tua princesa...eu já não sei.
-Como assim oh Bigodes? –gritou  o Pescador.
-Bem a Princesa está efectivamente numa Torre. Uma Torre Enorme, pedras negras como a alma do Dragão Vermelho. Rodeado de lava e fogo e chama. O Seu porteiro aqui...sou eu. O Hipster do Bigode Mágico. Mas há mais.
-Mais?  Isso cheira-me a muito trabalho. –disse o Rapaz.
-Sabes como é puto, esta merda tem que encher mais episódios. –responde o Pescador enquanto acaricia um dos dildos.
-Bem.  Eu explico. A Princessa está escondida numa das várias dimensões que existem.  Existem vários portais que levam a essas dimensões. Existem várias Princesas. Mas só uma é a verdadeira. E todas são guardadas.
-Como sabemos qual é a verdadeira?
-É aquela que é vigiada pelo Dragão Vermelho.
-Então esta não é verdadeira.. –diz o Rapaz.
-Certamente. Mas a única forma de chegarem a outra dimensão é apertar as mamas da Princesa falsa!
-Mamas??? Eu não faço isso! –gritou o Rapaz.
-Não te preocupes meu merdas. Eu trato disso! Eu vou contigo. Tu sozinho ainda acabas como tapete da sala do Dragão. Precisas de mim. Vamos a isso. Vamos à Torre ter com esta primeira Princesa.

E assim seguiram! Não percam o próximo episódio! Porque Não Devemos Salvar Uma Princesa.

12 de fevereiro de 2013

Como um Peido salvou Portugal

Bem-vindos a mim! Uma explosão metafísica que vos toca. Aí está um imagem linda!

Não tão linda como um golfinho azul-bebé a montar um pónei, claro. A não ser que o verbo montar signifique isto:

Mas deixemo-nos de peripécias ilusórias e de fogo de vista. Vamos ao humor inteligente e perspicaz. Hoje venho falar de peidos importantes na história da Humanidade.

Muita gente tem espalhado pelos quatro cantos do mundo que os peidos são algo de mau tom e que prejudicam toda a estética de um momento. Nada podia estar mais errado! É que para além do uso abusado de palavreado inútil, eu também tenho uma teoria sobre estes peidos. E os peidos demonstraram vezes e vezes sem conta que são de uma importância vital para o desenvolvimento da Humanidade e para o estágio a que chegámos.




Eis uma pequena cronologia que eu fiz para vocês:

100 000 a.c. - O André Marosca (naquela altura homem-de-neandertal hoje merceeiro), andava à procura de um ramo de flores para oferecer à sua recém conquista Blimunda dos Bosques. Ele tinha a encontrado a beber água num lago e bateu-lhe na cabeça de pau feito. Pau de madeira vá. Quando o André encontrou as flores, um terrível predador felino apareceu por trás. Como o André tinha comido uma feijoada na tasca do Zé, uma hora atrás, mandou um peido tremendo que o predador felino fugiu. Isto parece coisa pouca, mas a verdade é que André é ascendente directo do Joca. E  Joca é primo, em segundo grau do Carlos Pinto. E quem é o Carlos Pinto? Nada mais nada menos que marido da irmã do César que, um dia, viu o Michael Jackson quando este ainda tinha nariz. 
1 d.c. - Orgasmus Maximus era um simples legionário que patrulhava as ruas de Belém. Não era sequer um bom legionário, era sempre apanhado nas termas públicas a masturbar-se com papiros eróticos. Tinha sido mandado de volta do Egipto por razões semelhantes,  não numas termas mas dentro da pirâmide de Cleópatra. Há quem diga que essa é a razão porque todos os sarcófagos egípcios têm os olhos abertos, à espreita do legionário Orgasmus Maximus e as suas escapadinhas nocturnas.

Orgamus Maximus passou por uma cabana, onde estava um bebé a chorar. Entrou e viu um cândido bebé. Cheio de pureza e beleza. Algo acalmou o coração do promísuco legionário, como estivesse a olhar para o Rei dos Reis. O Senhor de todos os Senhores. O Anjo dos Céus. Enviado para salvar a Humanidade.
E cheio de energia e beleza. Orgasmus só pode fazer uma coisa... por motivos de auto-censura, o próximo parágrafo vai ser substituído por um poema de uma criança de 6 anos:

Eu sou o João
Gosto de andar
No iate do meu irmão
E de andar a passear
Em cima da minha tia
A minha tia é muito bonita
O meu pai também acha
A minha mãe nunca mais apareceu em casa
Desde que discutiu com o meu pai
O meu pai gosta de facas
Dá para cortar e não faz barulho
Agora a minha Tia é minha mãe
Eu gosto do iate do meu irmão

1939 d.c.
Estaline estava sentado numa mesa branca, no meio de um grande jardim verde, rodeado de rosas. À mesa com ele estava o seu compincha Hitler. Hitler vestia umas jardineiras roxas e uma t-shirt dos Ramstein, na sua tour de 2008. Ambos bebiam um copo de Porto e discutiam um plano para anexar Portugal.

O seu projecto era criar um resort agradável. Hitler era da opinião que os sobreviventes da 2ª Guerra Mundial e os seus filhos necessitariam de um viável e solarengo campo de golfe, restaurantes pitorescos com bom peixe grelhado e gente simples, que aprendesse a sua língua germânica por necessidade e ignorasse a própia.

E estavam a discutir os se's e os como's quando o sub-secretário de Estaline, Igor Raskanioff, aproxima-se. Trapalhão e inseguro deixa cair todos os papéis que trazia. Levanta-se depressa e senta-se ao lado de Hitler, acariciando o bigode do mesmo.

"Ich ke estás bin a fazer swaiza traiza? Esta é meine bigoden!" - declara ferozmente Hitler.
"Perdãov carissimisky ditadorzisky! Mas achei que estava tortosky!" -diz inocentemente Igor.
"Trostsky? Onde! Onde?" -gritou Estaline e disparou três tiros no ar, atingindo um cisne que cai em cima do ponche.
"Chaiça!"
"Nie falai palavreadistky tavarich. Este cisne era kapytalysta. Vê-se porke proletário ke é proletário...nie tem dinheirisky para voar.
"Sprechen komo und verdadeiren zozialisten!"

Admiraram o cisne capitalista que jazia no ponche e atrás de si os magníficos Alpes, como se fosse uma verdadeira imagem de propaganda anti-capitalista. E Hitler e Estaline, olharam um para o outro, assim como que confusos em relação às suas próprias doutrinas. Pediram por outro copo de Porto. Quando iam recomeçar a conversa, Igor peidou-se.

"Chaiça! Kein peidou?"
"Da! Da! Que foi itsky, itsky?"

"Perdaõv carissimiskys ditadorziskys. Komi feijoadiska." e peidou-se de novo.

Desta parecia uma trovoada. Como se os gigantes da mitologia grega ganhassem vida e tivessem aparecido para uma festa de kuduro. Os peidos repetiam-se, não parávam. Esta era uma melodia pouco preciosa e nada convidada para a discussão. PUM! PADABIM! PATATATATAPAF! Os peidos multiplicavam-se! Não era isto que queriam dizer quando afirmaram " crescei e multiplicai-vos!". Mas, porém, foi o que aconteceu. Igor já nem conseguia sentar-se na cadeira. Dava pequenos pulos, sempre que peidava e estes iam crescendo e crescendo! Hitler ficou nervoso e começou a fazer a saudação nazi a cada peido e começando a discursar. Por alguma razão apreciou o poder e estrondo de tais peidos assim como uma chuva de blitzkrieg e isso motivou-o para um novo discurso sobre o desenvolvimento económico e a criação de emprego alemão.

Estaline começou a pisar formigas. Não sabia o que fazer nesta situação e nada o acalmava mais que espezinhar os inferiores.

E quanto a Igor? Este peidou e peidou e peidou. Qualquer percussionista teria inveja dos ritmos que este fazia. Há quem diga que um jovem jamaicano estava  passar por lá e, no meio de tanto peido, ouviu um ritmo tão estiloso que o motivou a criar o reggae.

Igor peidou e peidou e peidou com tanta força que voou até aos céus! Sendo o primeiro cosmonauta no espaço. E não o outro gajo que recuso-me a ir pesquisar o nome.

E graças a isso, Estaline e Hitler esqueceram do plano de conquistar Portugal. E assim continuamos independentes...não continuamos?