Os sons
de passos ecoam pelas ruelas escuras da Cidade
Que Não Dorme. Cada passo anuncia a urgência do Rapaz. Sombras perseguem-no
sem misericórdia.
O Rapaz
virou à direita, chegando a um beco. Ao olhar para trás, viu as sombras
aproximarem-se, enormes como o ego de um
designer de moda viciado em cocaína. As sombras rodearam-no e o Rapaz
gritou.
-Péra caralho! Tira lá a boca do meu
saxofone. Óh porra, para começar, não é assim que se faz, tens que assoprar e não chupar. Está errado... é uma boa técnica,
mas está errado. Demasiadas conotações
sexuais.
-Desculpe
Senhor Pescador.Foi assim que o meu pai me ensinou.
-Ui e
não páras. És um merdolas com muitos complexos sexuais, tu sabes isso não
sabes? Enfim, presta atenção ao que te digo.
Há muito que não conheces sobre essa Princessa que precisas de resgatar.
-As mamas dela são falsas?
-O quê!?
Não! Quer dizer...sim! Mas isso está fora de questão.
-Sabe Senhor
Pescador. Eu apenas queria viajar com o meu Barco Azul Celeste. Porque é que
estou agora nesta aventura?
-Porque
se não existir uma linha narrativa, esta
merda vai começar a descambar para a parvoíce absoluta. E isso não pode
ser. A Princessa está presa numa Torre Maléfica. E só consegues chegar a essa
Torre através do túnel que está no Prédio do Hipster do Bigode Mágico!
-Hipster do Bigode Mágico?
-Siiiim!
Um terrível pseudo-intelectual de música e de cinema. Tem imensos poderes. O
seu Bigode Mágico controla esta cidade. E a sua música alternativa tocada aos
altos berros não deixa a cidade dormir.
-Então
que devo fazer?
-Precisas
de entrar no esconderijo do Hipster, chegar ao seu túnel secreto para
alcançares a Torre. Eu dou-te um mapa.
-Eu
gosto de mapas. Têm várias cores, é como
a minha mãe quando leva porrada do meu pai. Vermelho, roxo, preto...
-Bem..tive
mas é outra idea. Não precisamos de perder muito tempo com esta linha
narrativa. Vamos dizer ao Narrador para
passar esta parte e chegarmos logo ao que interessa.
Como
assim? Vocês não podem passar assim o texto à frente! Eu tenho aqui umas boas
piadas até chegar ao hipster! Dá para encher umas páginas.
-Tens o caralho! –disse o cornudo do
Pescador de Merda –Oi! E tu tem lá
cuidado como me chamas. Eu não fui teu pai por 5€.
Pronto.
Pronto. Querem chegar a que parte?
-Mete-nos na sala à conversa com o Hipster de
Bigode Mágico ‘stá bem? –disse o jovem Rapaz.
E depois
de muitas peripécias o Pescador e o Rapaz estavam à porta do Hipster de Bigode
Mágico, atrás de si, as luzes e barulhos da Cidade Que Não Dorme estavam
silenciosas. Reinava a escuridão e o silêncio . Parecia a vagina de uma viúva octogenária, mas com menos teias de
aranha.
O Rapaz
sentia-se nervoso, o conhecimento alternativo e misterioso deste Hipster
atormentava-o. Quais seriam os poderes do bigode? Porque tinha ele acesso à
Princessa?
O
Pescador e o Rapaz entraram vendo o Hipster de Bigode Mágico sentado num grande
trono, tão grande que a sua parte de
cima tocava nos tomates das nuvens. Não que estas se preocupassem. O seu
bigode era extremamente bem penteado e o Hipster tinha o pente no bolso da
t-shirt. Na sua mão esquerda, tal e qual como um cajado real, tinha uma guitarra-baixo
que usava para criar uma atmosfera escura e tenebrosa. A sala era enfeitada com
vários álbuns de bandas desconhecidas. Ao seu lado via-se o número de álbuns
vendidos dos mesmos. 5, 19, 8 álbuns. Raro
era aquele que tinha três dígitos.
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-Tu!
Rapaz! Vieste pela Princessa, não foi? A
Princessa do Dragão Vermelho...
-É
verdade. A não ser que tenhas feijoada
de búzios. Gosto muito e até comia. Se tiveres eu como e vou-me embora.
–disse o Rapaz.
-Não
sejas parvo!-disse o pescador enquanto batia na cabeça do Rapaz com a sua cana
de pesca de dildos.
-Bem meu
Rapaz. Eu não te vou parar! De facto, se seguires por este túnel atrás de mim
vais ter a uma floresta… e nessa floresta há uma torre com uma Princesa. Se é a
tua princesa...eu já não sei.
-Como
assim oh Bigodes? –gritou o Pescador.
-Bem a
Princesa está efectivamente numa Torre. Uma Torre Enorme, pedras negras como a
alma do Dragão Vermelho. Rodeado de lava e fogo e chama. O Seu porteiro
aqui...sou eu. O Hipster do Bigode Mágico. Mas há mais.
-Mais? Isso
cheira-me a muito trabalho. –disse o
Rapaz.
-Sabes
como é puto, esta merda tem que encher
mais episódios. –responde o Pescador enquanto acaricia um dos dildos.
-Bem. Eu explico. A Princessa está escondida numa
das várias dimensões que existem. Existem vários portais que levam a essas
dimensões. Existem várias Princesas. Mas só uma é a verdadeira. E todas são
guardadas.
-Como
sabemos qual é a verdadeira?
-É
aquela que é vigiada pelo Dragão Vermelho.
-Então
esta não é verdadeira.. –diz o Rapaz.
-Certamente.
Mas a única forma de chegarem a outra dimensão é apertar as mamas da Princesa falsa!
-Mamas???
Eu não faço isso! –gritou o Rapaz.
-Não te preocupes meu merdas. Eu trato
disso! Eu vou contigo. Tu sozinho ainda acabas como tapete da sala do Dragão.
Precisas de mim. Vamos a isso. Vamos à Torre ter com esta primeira Princesa.
E assim
seguiram! Não percam o próximo episódio! Porque
Não Devemos Salvar Uma Princesa.
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