9 de abril de 2012

Revolução Energética

Acabei de passar o fim-de-semana como recepcionista nocturno de uma pousada (e não como rececionista noturno).

Basicamente passei a noite toda sem fazer nada a olhar para uma parede e a me peidar.

Não poderia haver melhor trabalho que relembrasse o que é a minha vida, Quando não estou a procrastinar a procrastinação em si ou a beber jolas e cafés (de modo a encher o vazio existencial), ou até a ouvir músicas, gesticulando com os dedos os riffs que eu nunca farei, eu costumo não fazer nada. Reclamo mas não faço caso. Costumo perder a atenção de coisas importantes quando sou interrompido por cenas insignifi... olha 5 cêntimos, assim já posso não comprar nada! So much win!

Mas desta vez fui pago e forçado a não fazer nada. Resultado? Odiei! Tanta vida jovem perdida que podia estar a ser usada para cenas fixes e boas. Porra. Eu nunca tinha pensado desta forma. A minha passividade já era lendária, histórias eram contadas sobre a minha pessoa na Bíblia das Preguiças. Cânticos proferidos por monges tibetanos neo-feudalistas.

Quem ousa me pagar para não fazer nada! Eu decido quando não quero fazer nada no meu tempo livre. Quando sou pago, eu quero fazer coisas! Exijo! 

Estes monstros capitalistas fascistas acabaram de profissionalizar uma coisa que me dava gozo fazer. A razão porque não fazia nada era para contra-atacar os que fazem tudo. A minha forma de expressar sentimentos anti-actividade. Já não consigo usufruir da passividade agora que fui pago para o fazer!

Agora até a passividade é capitalizada! Tudo o que mais gostamos é associada a dinheiro! O que vão fazer a seguir? Vender sexo? Ah..ok... esqueçam.

Este trabalho (do qual já me demiti) deu-me forças e apetece-me fazer cenas e merdas e coisas.

O que é isto? Energia? Propósito? Objectivos? Que palavras complicadas, que conceitos estranhos são estes que me inundam o espírito e coração? Não! Saiam daqui. Voltem a invadir os bem-intencionados, os personal trainers e padres.

Oh raios partam, voltei a querer fazer coisas e atingir metas, a desenvolver as minhas capacidades e criar relações inter-pessoais interessantes e produtivas.

Oh porra! Não! Não! Não! Quero voltar a masturbar-me apenas. Essas belas maratonas que têm sempre um final feliz onde somos sempre vencedores. Quero que isso volte a ser o ponto alto do meu dia. Agora vou ter que sair de casa e realmente fazer coisas.

Tudo era mais fácil quando a vida era aborrecida. Agora com licença, vou escrever um texto para o Caça ao Cómico.

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