14 de junho de 2012

Super Frika Lika

Acabei agora mesmo de terminar uma relação muito longa com um urso. Quando íamos tratar da divisão de bens, o meu ex-urso comeu o meu advogado, então decidi dar-lhe tudo.
E agora? Pobre, abandonado e triste que inglório fado guarda a estrada para mim?
Mudei-me para a Legolândia, ouvi dizer que as rendas eram mais baixas por lá, além que viver numa vizinhança cheia de Homens-Legos pode, em muito, melhorar o meu humor e auto-estima. 

Primeiro de tudo tenho uma queixa a fazer sobre as mulheres na Legolândia, são todas umas exageradas, usam bâton quase constantemente e mal têm peito. Uma pena.

Para me sustentar, ensinava numa escola de bonecos Lego dos 3 aos 6 anos. Gostava muito de preparar a nova geração de bonecos para o futuro. Os piores de todos eram os bonecos Lego de Star Wars. Andam sempre com a mania.

Quando mudei-me para a Legolândia continuei a receber chamadas assustadoras do meu ex-urso, então desmontei o meu telefone e fiz um frigorífico, assim já não tinha que me preocupar com telefonemas ameaçadores às 4 da manhã e já tinha onde colocar os iogurtes. Estava farto de ter que os comer de uma assentada.

Como me sentia sozinho e as rendas na Legolândia começaram a aumentar de um dia para o outro (culpa de especulação financeira e outras coisas secantes que dão antes das notícias do desporto nos telejornais), decidi aceitar um colega de quarto. Convidei o meu velho Eu para viver comigo. O gajo é, em geral, um moço porreiro. Um bocado fora. Mas porreiro.
Se acham que esses boxers são feios, fiquem a saber que eram os únicos que ele usava. Ele tinha mais, eu todos os dias colocava numa cadeirinha, no quarto dele, boxers novos e lavados, mas porra, o gajo só queria aqueles. Ele era mais teimoso que uma mula iludida por um plano de desenvolvimento económico, apoiada por uma maioria parlamentar.

No lado positivo, ele trazia cerveja fresquinha todos os dias. Isso e sonhos. Mas esses não eram frescos. Eram secos e velhos, cheios de bolor, assim como a passarinha de uma velha prostituta russa da 2ª Guerra Mundial.



No lado negativo o cocó dele era roxo/violeta/púrpura (riscar o que não interessa) e sempre que o fazia, chamava-me para ver. Em cima tenho uma ilustração aproximada.

Todas as noites jogávamos ao RISCO, mas não aquele da conquista mundial. Era mais sair à noite e ter sexo desprotegido, correndo o risco de apanhar mais DST's que uma virgem em Chelas e acabar por engravidar tantas raparigas quanto...as virgens de Chelas. Cof. Cof. Nunca por lá andei, se o míudo tem a minha cara, é porque fizeram photoshop.

Passávamos tardes a ver Batatoon e também a imaginar qual seriam os Pokemons que seriam autóctones do Algarve. A minha aposta? Krabby's, Shelder's, Ekans's, hmm e muitos ratatas. Mas esses quando aparecessem em casa, morriam à vassourada. Não ando a comprar PokéBolas para colocar lá ratos cagões azuis.

Antes de nos deitarmos ficávamos a dar toques, ficamos minutos e minutos à espera de ouvir um novo toque a ser recebido de uma qualquer rapariga aleatória, e aquela que nos dava um toque, muito provavelmente amava-nos.

Tempos mais simples, dava para ter uma conversa e saber os interesses de alguém através de toques. Então se fosse um toque polifónico, Ui, Ui, até dava para ouvir o amor com qualidade! Não havia nada dessas paneleirices das rosas e cartas de amor dos nossos pais, nem comentários em fotos dos nossos irmãos mais novos. Toques! Assim como deve ser. Hoje em dia só os velhos molestadores é que usam toques, mas não são sonoros.

Aaaah, para acabar a história, eu depois cortei a cabeça ao meu Eu passado e enterrei-o no quintal, juntamente com todos os meus animais de estimação que não chegaram às minhas expectativas, incluindo o Papagaio com síndrome de Tourette e a Margarida, a Tartaruga Velocista.

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